Como os deficientes visuais jogam futebol?
Por Douglas Roque
Sendo o país do futebol o Brasil
se orgulha por ser uma das maiores potências do esporte, tanto entre os homens
como entre as mulheres. Historicamente a seleção brasileira mostra um currículo
invejável, com conquistas em copas do mundo e olimpíadas, além de possuir grandes
jogadores que marcaram suas gerações. Com toda essa expressão no futebol faz com
que o povo brasileiro seja um amante do esporte. Mas mesmo com essa paixão
enlouquecedora, a maioria dos apaixonados desconhece a existência de outra
modalidade, o futebol de cinco, ou futebol para deficientes visuais.
O Futebol de cinco é uma
adaptação para pessoas com deficiência visuais. O esporte é governado pela
(IBSA) Federação internacional dos desportes para cegos com regras da FIFA. Ele
teve sua estreia nas paralimpíadas em 2004, isso fez que o esporte e seus
atletas fossem reconhecidos pelos seus países, na ocasião a primeira medalha de
ouro foi para o Brasil, mostrando a força do país também no esporte
adaptado.
O jogo é realizado em uma
quadra parecida com a de Futsal, rodeado por placas, para que a bola não possa
sair das dimensões. Alias a bola tem um destaque à parte, pois dentro dela há
um dispositivo que soa um som, isto serve para os jogadores possam localiza-la. Os jogadores são divididos em três classes distintas, de acordo
com o seu nível de deficiência visual. A classe B1 são para atletas totalmente
cegos, a B2 para atletas com visão parcial e a B3 para jogadores com o campo de
visão de 5 a 20 graus. Vale lembrar que todos os atletas da classe B1 jogam com
uma venda nos olhos, para que aqueles que possuem um pouco de visão não possa
levar vantagem.
Jaci Paixão de 67 anos foi
jogador por 20 anos do futebol de cinco, ele jogava por Sorocaba que até pouco
tempo atrás tinha uma equipe representada pela ACM (associação cristã de
moços). Ele perdeu a visão aos 40 anos devido a um glaucoma. Mas antes da perda
da visão Jaci já jogava futebol na adolescência, fez parte de grandes clubes
conhecidos na várzea. Porem só depois perder a visão, quando estava se adaptando
com essa nova realidade, apareceu a chance de fazer parte da equipe de cegos.
“na escola de cegos o pai do professor que me ensinou a andar de bengalinha,
que jogou comigo quando era jovem, falou ‘viu você joga futebol’, eu respondi
que jogava, mas agora que estou cego, não podia, daí ele me falou que tinha um
time de futebol para cegos”. Depois disto Jaci Paixão passou a fazer parte da
equipe e a representar Sorocaba durante quase 20 anos. Depois de ter parado de
jogar futebol divido ao fim do time da ACM, Jaci foi praticar outro esporte, o
atletismo, mesmo aos 60 anos correu duas maratonas da São Silvestre, hoje aos
67 anos ele faz academia Três vezes na semana no hospital BOS em Sorocaba.
No futebol de cinco todos são parcialmente
ou totalmente cegos, porem há uma posição que o jogador não é deficiente
visual, é a do goleiro. Magno Ribeiro de 39 anos foi jogador das categorias de
base do São de Bento de Sorocaba, e por um convite de um amigo disputou alguns
jogos no futebol de cinco. “a experiência foi boa, um colega meu que é
deficiente visual me convidou para fazer alguns jogos, eu aceitei e gostei”.
Depois disto ele passou a enxergar com outros olhos o esporte e as pessoas que
o praticam, “muitos fazem descriminação, mas eles são bens mais capacitados do
que muitas pessoas que não possuem deficiência”,
Atualmente o Brasil lidera as
duas categorias do ranking mundial tanto os homens quanto às mulheres. A seleção masculina segue no topo da lista desde agosto
do ano passado. Logo atrás vem a Lituânia, atual campeã paralímpica, Turquia em
terceiro, e China e Estados Unidos. Já a seleção feminina lidera o ranking
seguido pela China, Turquia, Estados Unidos e Japão.
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